25 de agosto de 2010

Diário Raid Burkina 2010 (dia 6 a 10)

Reproduzo aqui o Diário de Viagem de D.S. amigo e companheiro nesta tão singular viagem pela África do Norte e Oeste .


06.08.2010 


Despertar às 7h. É sempre bom chegar cedo a uma fronteira africana porque a coisa sempre se complica. Correu bem? Acorda, estás a sonhar com áfrica.
Chegamos a Guergarat ainda a fronteira estava fechada. Supostamente deveria abrir às 9h mas não há jeito. Uma meia hora depois lá a coisa começou a mexer. Docement...
O ritual é o seguinte: carros em fila aguardam a vez de serem chamados para entrar no “parque” da fronteira. Se não querem levar uma daquelas descompostura jamais ultrapassem o sinal de “Haute de Police” sem a instrução do “fardas”.
Enquanto se aguarda, para adiantar serviço, pode levantar-se o formulário fronteiriço e preenche-lo. Entrados, o passo seguinte, é o guichet da polícia. Há que colocar o passaporte e o formulário no canto direito do guichet. Se já lá houver outros é coloca-lo por baixo.
À vez, o "secretário" chama pelo que é melhor aguardar por perto. Para tratar dos trâmites de saída do veículo o proprietário/detentor da viatura quando liberado deve dirigir-se à aduana com o passaporte, o documento único e o documento de entrada do veículo em Marrocos. Só fica a faltar uma “espécie” de polícia militar que também têm que "visar". Mais uma vez basta ir o dono do carro com os documentos anteriormente referidos.
Estamos prontos para atravessar a franja de terra com cerca de 3 kms que separa a fronteira marroquina da fronteira mauritana.
Chegados á fronteira os procedimentos são mais ao menos os mesmos acrescendo que têm que se estar munido de visto e fazer o seguro do automóvel que cobre diversos países. 
Apareceu o Arturo, um guia mauritano bem conhecido de muitos portugueses e um cromo que tinha trabalhado na pesca com portugueses e que não se cansava de dizer alto e em bom som: “Então português, estás bem ou estás fodido, pá? És de Peniche, português?” Claro que fica a faltar aqui o sotaque e o “look” do cromo.Todos andam a ver se ganham algum no que quer que seja que o transfronteiriço precise. Até o Arturo anda a fazer trabalho de fronteira. Não há expedicionários para acompanhar na pista do comboio, Atar, Chinguetti “and so on”.
Depois da frescura da manhã vêm o calor do meio-dia que aperta um pouco. A expectativa aperta pois um dos participantes não têm visto. Fazem-se apostas. Vai passar, não vai passar? É que não estão a passar vistos na fronteira. Uma rapariga informa-nos que os "fardas" marroqinos estavam a zoar que havia alguém no grupo sem visto; um africano dizia que teve que ir a Rabat tirar o visto; passou de volta um furgão matrícula polaca com dois africanos sem visto – a coisa estava feia. 





Desta as revistas aos carros foram exaustivas – meia hora por carro. É em nome da segurança, ok. O pior era a grande probabilidade de ficarmos sem os nossos vinhedos e as nossas cervejolas tão fresquinhas que iam. Mais uma grande expectativa.
Chegamos à fronteira às 11.30h e saímos às 16h. Pachorra. Haja. Ainda bem que as expectativas foram positivas. Passou o Glacius, os vinhedos e as cervejolas. O António lá “convenceu” os fardas a deixar passar o Glacius… O álcool foram precisos grandes coros e a maquina fotográfica desfeita do Fred (que tinha caído do jipe para a estrada a cento e vinte à hora a alturas de Al Jadida).
Os custos são de € 12,50 por carro na fronteira e de € 21 para o seguro de 30 dias.
Avancemos para Nouakchott (ou Nãoháquemtenxote como começa a ficar conhecida). No nosso carro quem ganhou a aposta foi o Fred. Vai jantar à pala na capital mauritana. Entramos no deserto mauritano primeiro para leste e depois para sul. O calor começa a apertar forte. Estão 40° e são 16.30h. Uma hora depois, mais interior, o termómetro marca 47°. Paramos a cerca de 130 kms da capital no ponto onde os catalães foram raptados, já lá vão 10 meses, e fizemos votos para a sua mais rápida libertação em boa saúde. O ar estava irrespirável, denso. O sol torrava, fritava. Não se via nenhum ser vivo...





 Pelas 19.30, já perto do mar, a temperatura amainou para os 30°.


Num dos muitos controles policiais, a cerca de 10 kms de Nkt, reparamos que a azáfama era maior que a habitual. Estavam muitos polícias e diversas motas. Nada mais, nada menos do que para nos escoltar. Então, fomos com escolta policial até ao hotel. A escolta não era nada sincronizada entre os motoqueiros e os apeados no terreno. Estávamos a ver quando é que um se “atirava” para o chão. Na via de acesso tudo ok, mas quando entramos na cidade, imaginem a bagunça. Nouakchott quase parou para a gente passar. Nas rotundas era o caos pois os agentes das motas chegavam em relâmpago e pretendiam que o transito parasse de imediato para dar-nos prioridade.

Lá chegamos ao Hotel El Amade onde o aparato policial era ainda maior. Para além da polícia que nos acompanhou estavam lá umas boas duas dezenas de policia comim e polícia militarizado incluído a célebre “pick up” africana com um guarda e sua arma automática de grande calibre na caixa aberta. O António tinha solicitado escolta desde a fronteira. Como parece que a situação está mais calma as autoridades mauritanas entenderam suficiente a escolta para entrar na cidade. Opinião pessoal, esta é a melhor forma de chamar a atenção de quem pretendemos evitar.
Muitas vezes a opinião que fazemos de um hotel depende de pormenores que, por esta ou aquela razão, não são iguais para todos os hóspedes no mesmo momento. Neste caso uns reclamavam que não tinham a.c., outros que o a.c. estava óptimo e quase os gelava e ainda outros (o nosso caso) que o a.c. era deficitário ou nulo. Fica a referência: “Hotel El Amabe”, depois de o habitual regateio e tese de grupo, € 50,00 quarto duplo a.p.a.
Fomos jantar a uma pizzaria conhecida do António longe quanto baste do hotel mas tudo bem: é necessário esticar as pernas e a noite estava amena.
O casal do 4Runner não gostou do hotel e decidiu ir para outro. Não facilitaram: um polícia à porta do hotel e outro à porta do quarto. O Tomaz estava estupefacto. Nunca se tinha sentido tão seguro.
A saída de Nkt foi igualmente escoltada só que com menos aparato e inconveniência para os locais. Sábado, pouco trânsito...







07.08.2010 


O pequeno-almoço foi bom. Aliás tenho reparado que os pequenos-almoços em África estão a melhorar substancialmente. Toca a rumar ao Senegal e a mais uma grande expectativa. Será que vamos conseguir entrar no pais que, desde Junho, decidiu passar a cumprir à risca a legislação “morta” sobre a entrada de veículos no pais – é obrigatório levar o CPD – Carnet de Passage en Douane - que em Portugal é emitido pelo ACP mas com exigências inaceitáveis. Nenhum de nós o têm. A ver vamos. Para já, rodas na estrada que a paisagem vai mudar. Se não nos deixarem entrar no Senegal o transtorno é mais que enorme. Implica muito sacrifício já que, além do mais, como vamos pela pista de terra de Diama (ou do PN de Diawling), se não entrarmos e tivermos que voltar são, de uma assentada, 200 kms de pista sem qualquer utilidade; aceder à Rota da Esperança desde Rosso além de ser feito em estradas secundárias são muitas centenas de kms debaixo de temperaturas próximas dos 50° nesta época. Começa a savana a mostrar as primeiras acácias. Aparece a África negra.




 As casas e as pessoas começam a “oprimir” as estradas. As pessoas não ficam ao longe. Começam os perigos da malária – replente obrigatório, roupa que cubra o corpo é bastante aconselhável. Profilaxia como manda o médico.
A pista de Diama encantou toda a gente não só pela sua beleza mas porque o pessoal gosta mesmo é de off-road - taxa de passagem são € 5 por pessoa. Ao HDJ caiu-lhe uma pala. Embrulha e guarda. Chegamos à fronteira mauritana de Keur Massene – policia mauritana € 10 por carro; passagem da ponte € 20, é sempre a somar, digo, a subtrair, à caixa.


Agora é que vão ser elas: convencer os fardas para que permitam a entrada dos carros no Senegal sem CPD. Policia senegalesa - € 10 e recebe-se de troco CFA 2.000. Recebe-se se os pedir, senão ficam. Vamos penar para a aduana. Entra o António que tinha dito que não pagava um euro para além do devido para entrar. Claro que o resto do pessoal estava bastante mais flexível. Todos tínhamos consciência que nos faltava o documento que permitiria a entrada dos carros. Passado cerca de uma hora sai sem sucesso. Propus-me tentar. 













Chegamos á fronteira às 14.30h e eram 18.30h quando estávamos a entrar no Senegal doidos por uma “Gazelle” gelada na esplanada no Hotel de La Post. Ainda não tínhamos andado 3 kms, controle de polícia. “Deslargem-me melgas”. Tinham o chip do extintor e do triangulo. và lá, estavam “on board”. Obras na Ponte Faidherbe. Transito já se si caótico está bloqueado. A entrada de St. Louis é um mercado africano. Topam? 






Ficamos no La Post: já é paixonite. Regateio, duplo a.p.a € 50 e triplo € 60. Vamos é para a piscina que está óptimo. Depois de uma tarde tão stressante um banho de piscina sobranceira sobre um dos braços do Rio Senegal… Ligeiro passeio pela cidade. Está “morta”. A crise global espalha-se simultaneamente. Jantar no Flamingo, vista de olhos no bar sempre com “live music” e para o quarto que há wi-fi. Sono, sono… o romantismo do La Post relaxa, inspira, exalta a saber mais sobre o seu passado e o da cidade colonial onde foi implantado, outrora capital do país. O nosso quarto está virado para a rua principal. Durante a noite foram passando autênticas “promenades” de locais tocando e cantando.


08.08.2010 


Domingo. St. Louis acorda devagar e tarde. É o melhor dia para visitar a cidade. Os insectos são menos insistentes que os vendedores e os pedinchas. O pequeno-almoço do La Post melhorou substancialmente. Outro ligeiro passeio pela cidade até ao outro braço do Rio Senegal – é a zona piscatória e parece um caixote de todo o lixo da ilha. Já nem falo do cheiro. É recorrente em África. Seguimos para o Mali pela fronteira de Kidira. Vamos percorrer a riviera senegalesa. Os habituais controlos de polícia. As povoações e mercados que esmagam o alcatrão que os separou. “Alhamdoulilahi” deve ser a mais famosa companhia de transporte de passageiros por estas bandas com os seus furgões a cair de podres.
Depois de St. Louis só há combustível em Ross Béthio. Rumamos ao interior e vive-se a época das chuvas. Ainda assim, entre as 11.30 e as 17.30h, quando o céu está limpo, tudo arde e quando está encoberto tudo coze. Imagine-se a época quente. É demais viver debaixo de tanto rigor climatérico. A sombra é o lugar mais almejado por todos os seres que respiram. A paisagem está verdejante. As acácias estão “gordas” de tanta folha. Não são os espinhos que sobressaem. Almoçamos debaixo de uma delas. 





Estão 34° mas corre uma frescura na sombra da nossa protectora solar. Estamos divinos. O pintor que pouse o pincel. Ninguém mexa no climatizador. O Miguel confeccionou e ofereceu-me uma pasta al pene com cogumelos Continente made que recomendo vivamente.


Circula-se bem. O tapete é bom e o trânsito escasso. Contudo, o condutor não deve baixar a guarda: buracos e animais podem revelar-se fatais. É um esticão de St. Louis a Kidira. A estrada rende ou o cansaço começa a criar depósito.
Perto do destino mais um “ex libris” que ainda não tinha aparecido – o embondeiro – também lindos e vestidos de gala nesta época húmida.
É precisamente debaixo e ao redor de um enorme exemplar dessa espécie que montamos o acampamento para esta noite. Estamos a 10 kms da fronteira, a temperatura está magnífica, fazemos uma fogueira enorme (não há risco de incêndio, está tudo verdejante). Foi uma soirée e noite de rara paz num palco onde os músicos só se ouviam. A meio da noite alguém decidiu refresca-lo ao de leve. A música, essa, com altos e baixos, nunca parou.





09.08.2010 


O objectivo hoje é Bamako. Para mim é duplo pois fiquei pelo caminho em Janeiro com o BB 2010. Esqueci de referir que com o Ramadão estes países que visitamos acertaram a hora para -1 GMT.
Levantar camping e rumar à fronteira. Logo que se chega a Kidira há que virar à esquerda para o primeiro carimbo de polícia. Voltar, passar a vila na direcção da fronteira. Começa o mar de camiões que levam géneros do porto de Dakar no Senegal para o Mali, pais sem mar. Ele que foi o grande reino do Mali ficou sem saída para o mar. Segundo controle de polícia de fronteira. Segue a alfândega (douane) para dar saída do carro entregando o nosso precioso e caro passavant de 48 horas conseguido em Diama. Como estamos a pensar voltar pelo Senegal questionamos a alfândega sobre a entrada do carro e pareciam desconhecer a problemática da nova circular de serviço. Nunca confiando. A ver vamos na volta. 

Finalmente entro no Mali depois da tentativa falhada de Janeiro com o BB 2010. A fila de camiões dos dois lados da estrada é interminável. Dirigimo-nos á alfândega – papéis do costume, documento único, passaporte e seguro – tudo bem mas o fardas do carimbo não está. Trabalhou até tarde e está a dormir. Há que aguardar. Quanto tempo? Há que aguardar. Afinal, como não temos visto há que ir para trás cerca de um quilómetro e meio fazendo slide através dos camiões, com saídas e entradas de estrada para depois entrarmos para o povoado onde, depois de muito procurar e circular, lá encontramos o comissariado.
Chegamos à fronteira às 8.30h e só às 10.30h é que conseguimos livrar-nos da alfândega contra o pagamento de € 10 por carro. Às 12.00 ficam os vistos prontos. São € 25 por vistos. Mas como pagamos em €s temos que pagar mais € 20 porque os fardas têm que ir a cerca de 20 kms para fazer o câmbio. Esta malta tem uma imaginação para “sacar pasta”. Tudo pronto para seguir. Tudo ou quase: agora é um camião que bloqueia a estrada. Têm um milímetro de cada lado para cruzar. O milímetro começou a encolher e como resultado foi arrancado pedaços aos camiões que estavam dos lados, deixando também alguns seus. Aparecem os interessados para ver os estragos. Como já temos espaço para passar, aqui vamos. É a fronteira rodoviária de mercadorias. Imagino o caos e o custo para desalfandegar as mercadorias mesmo estando na UEMOA.











A estrada está boa até Segala. Depois são só buracos. Mas buracos de asfalto que se nos cuidamos nos levam um pneu, uma jante, um eixo, etc. Seguíamos à frente, no HDJ e depois o Patrol. Passamos o pessoal do Peugeot 405. Alguns quilómetros à frente o Fred perdeu o Patrol de vista. Paramos para esperar por eles e comer algo. Comer, fomos comendo. O Patrol é que não aparecia. Tentamos pelo rádio, nada. Voltamos para trás. Alguns quilómetros depois conseguimos contacto pelo rádio. Vinham a rebocar o Peugeot.




Na curva seguinte logo apareceram. Num buraco mais profundo, abordado com excesso de velocidade, o Peugeot partiu o cárter. Decidiram que o Joan e o David iam a Kayes com um local buscar um cárter e a Mónica e o Ivan seguiam no carro, rebocados pelo Patrol, até ao povoado seguinte onde havia um mecânico que o iria arranjar. Seguimos juntos. O Patrol / Peugeot à frente, nós no HDJ e o Subaru que entretanto apareceu. Rebocar um carro numa estrada cheia de buracos é obra. No rebocado, dos travões, só o de mão é que funciona. Imaginem a perícia. Para completar a paisagem segue à nossa frente um autocarro turístico da “Sangue Voyage”.
Um pouco adiante, a argola de reboque do Peugeot cedeu e o Patrol quase lhe arrancava a frente toda. Toca a parar para “remendar” a frente do Peugeot e procurar outra peça onde amarrar a cinta. Não foi obra fácil. A frente estava toda “esventrada”. Cinta de aqui, cinta de ali, lá ficou parecido com estava anteriormente. Para colocar a cinta houve que subi-lo com o macaco e o corajoso Diego lá se atirou para baixo do Peugeot para fixar a cinta no charriot. Em andamento. A povoação nunca mais chegava. Chovia, os buracos aumentavam, mas íamos progredindo. Chegamos a Santaré. Saímos da estrada para o interior da população. Se aqui não é o fim do mundo, estamos perto. Afinal o mecânico está na borda da estrada de onde saímos. Quando paramos para saber onde ficava a oficina do mecânico, como do costume, juntou-se toda a populaça e desde logo, o tolo da aldeia que, como era surdo, tinha um tubo ligado á viola que colocava no ouvido quando tocava. Lá apareceu o mecânico, há que empurrar o carro para a oficina que fica a 50 metros. Custou-nos muito deixa-los. Mas foram eles que escolheram tamanha aventura: atravessar meia África num Peugeot 405. Isto fazia parte da aventura. Ficamos em contacto. O Subaru decidiu ficar mais um pouco até que os outros chegassem o que não tardaria muito dada a informação que logo recebemos. São 17.30h e ainda não andamos nada. Tarda nada escurece. Seguimos para Bamako? Ficamos em Diema? 



Para já o objectivo é Bamako pois passado Sandaré o asfalto está impecável. O trânsito é diminuto. É só andar. Os quilómetros é que ainda são muitos.
Começa a chover forte. Parece que cai em chapa quente. A luz do dia também não vai aguentar-se muito. Pelas 19h anoitece. Bem sabes um principio básico – não conduzir em África à noite – mas a vontade de chegar a Bamako é muita, tanto mais que, pelo caminho, só camping. Faltam 300 kms. Mais á frente decidimos fazer um café. Já tínhamos percebido que não ia ser fácil sair dos carros. O ar estava empestado de insectos. Não só nos picavam como os respirávamos. Estavam dissolvidos no ar que inspirávamos. Insistimos. A noite está magnífica não fora os insectos. No meio do nada pode-se observar convenientemente o céu em todo o seu esplendor. Os sons da savana também eram emitidos sem receios e sem interferências. Fizemos e tomamos o café para logo seguir viagem. A 100 kms de Bamako, do lado esquerdo da estrada estava parte do grupo. Paramos para dizer ao António que só parávamos em Bamako e despedimo-nos até ao dia seguinte.
Os últimos quilómetros têm mais metros. Nos arredores de Bamako a estrada começa a subir parando nos 550 metros. A cidade estende-se pela planície que se segue. De cima enxergamos o “lago” de luzes da cidade, qual Los Angeles. São 2.30h da madrugada. Ainda assim não resistimos dar uma volta de carro pela cidade. Segunda-feira a cidade está calma mas nos arredores das discotecas há uma multidão aguardando entrada. Depois do passeio fora de horas fomos para o Grande Hotel de Bamako que é um pouco carote. Capital é capital. Depois de muito negociar lá fixamos o alojamento em € 80 por quarto.



10.08.2010 


 Negociamos o pequeno-almoço “self-service” por € 15 para dois. Em África se não se negoceia paga-se o dobro ou o triplo, mesmo em cadeias internacionais. Eles também adoram negociar. A transacção não tem graça se não é discutida, negociada, prática que lhes adveio dos árabes. O HDJ tem uma cavilha no pneu traseiro esquerdo. É um atraso para as nossas intenções de chegar cedo à embaixada do Burkina Faso para pedir (e pagar bem pagos) os vistos. Passaporte, formulário preenchido e duas fotos e CFA 47.000. Com a proeminência do euro raramente tenho moeda local. Lá fomos a um hotel próximo sacar CFA de uma caixa automática. À saída diz a “madame” do guichet: “Passem aqui amanhã de manhã. O quê? Hoje vamos dormir a Segou. Ok, passem às 15h e se não estiver pronto esperam. É que há muitos vistos para emitir”. O pessoal neste continente é muito ocupado em deixar correr a vida.
Voltamos para o hotel. Está fresco e lá fora está canícula. Há wi-fi, cervejinha e uns belos sofás. Relaxemos. A máquina MB do hotel “apanhou” o cartão ao Tomás. Pronto já tem que penar. Consegue o número de telefone da encarregada da máquina e já não a larga mais com chamadas. Por volta das 14.30 lá consegui reaver o cartão. As 15h saímos para a embaixada e às 15.30 já tínhamos os passaportes com os vistos e estávamos aptos para abalar para Djenné. Para deixar Bamako atravessamos o Rio Níger que, juntamente com o seu afluente Bani, nos vai acompanhar nos próximos dias. Estão a transbordar nesta época. Embora o Mali não tenha SCUTS tem portagens. Seguimos para Segou.



 A savana apresenta agora evidências de transição com a rainforest, sua vizinha mais a sul. Segou fica na margem sul do Rio Níger. Chegamos já de noite. A entrada em Segou é feita numa estrada recta com uns 12 kms iluminada como poucas na Europa. Ficamos admirados. O “Auberge” era castiço, típico, com boa musica e bom ambiente. Os habituais vendedores de porta de hotel, um dos quais um tuareg vestido a rigor. Lá lhe comprei um cachimbo e duas pulseiras depois das habituais negociações. Sempre que negoceio com muçulmanos fico com a sensação que fiz um mau negócio. Desta não foi excepção. Este pessoal também precisa se encaixar umas moedas. Este, além do mais, dizia-se vindo
 de Tombuctu e estava vestido e bronzeado a rigor. Os quartos são separados uns metros da recepção e do restaurante onde jantamos bastante bem.



3 comentários:

  1. que sonho!!!

    obrigado por partilhar estas aventuras por terras tão longínquas!

    Carlos Barros

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  2. estou maravilhado apaixonado enfeitiçado por esta aventura parabens foi lindo mesmo...

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  3. Diogo,
    Desde que comecei a seguir as tuas aventuras pelos Rituais, leio e vejo deliciada e com entusiasmo os teus relatos. No fim sinto que eu mesma fiz uma aventura, maravilha! Obrigado, um abraço. Nanda

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